O OLHAR POR TRÁS DA
CATARATA
Tudo está vermelho e verde. Dá até vontade de colocar o
pinheiro e as bolinhas douradas na sala, acreditando no espírito natalino. Na
verdade, acredito mais ainda no amor emanado pelo menino Jesus.
Sentia-me bem e fazendo parte de algo.
“Ah, vieram me visitar, importaram-se comigo. Acredito, quem
sabe, serei convidada para um jantar, farei um prato e poderei contar com um
ambiente para meu filhos”.
A mente ingênua devaneia. Eu até esqueci que na última
carona, ela ouviu:
- Você já ouviu os nomes de bandas de forró "boca de latrinaaaa"? "Pingo
de genteeeee"? "Pelo de sufaco de cobraaaa"?
-Quase retruquei “este daria certinho para a pessoa do seu lado”.
Diante disto, dar carona regada à piadas de mal gosto, ficou
a dúvida: será que tudo isto é indireta por algo que disse ou é para evitar que
peça carona numa segunda vez? Precisa de tudo isto? Quando alguém pede o outro
dá se quiser. Evita-se a fadiga...
Continuei acreditando no espírito natalino. Bacana o dindon
dindon... Vamos lá... Ou alegria, o espírito natalino é tão belo. A gente
começa a se sentir parte das famílias grandes e lindas da comunidade. Nossa,
que alegria!!!
Agora, vamos analisar. Eu sou chata pra caramba. Só gosto de
visita no fim de semana para não me atrapalhar nos estudos, como posso desejar
que as pessoas que nunca gostaram de mim em uma dezena de anos, possam me
aceitar do dia pra noite. Aceitar uma pessoa que não se gosta na família é bem
mais complicado que receber uma visita em alguns segundo que vem ver se sua
casa é melhor que a dela...
Segue o bonde... última chamada para ser besta.
Lá vamos nós... Tudo tão lindo. Em meio a tanta indiferença,
há uma verdade. Há uma carona que não veio regada com piadinhas com minha
altura... Como se eu desse a mínima para isto. Meu grilo é com a banha...
Logo na primeira apresentação, olha que legal. Até que
consegui ficar calada e fingir que sou besta. Cara séria, sentar em uma cadeira
levemente longe de modo até que algumas pessoas vieram sentar perto. Muito
legal a postura de pessoa besta. Chama atenção de todos, só não entendo o
porquê. Tudo foi tão perfeito que até me senti parte do negócio todo. Então,
fui... Fui saindo com o velho ford k de guerra. Então, a moça mulher perfeita
que viver perfeitamente riu do meu carro caindo aos pedaços. Ela riu, eu
refleti. Não entendi. O carro não anda? E se eu estudo, do dia para a noite não
posso passar em um concurso incrível e comprar um carro dez mil vezes superior.
Eu juro que senti pena daquela falta de visão. Também pensei que por não ter
falado com a mesma, pois quando ia falar, a mesma voltou-se para o celular. VOU DIZER UMA COISA, PENSE NO COMPANHEIRO PARA AJUDAR A DESPREZAR OS OUTROS... KK... Então, voltando a moça que riu do meu ford velho. Ela poderia ter rido por achar que estava com vergonha de
andar em uma abóbora ambulante. Neste caso, a reflexão que fiz sobre ela,
serviria para mim e aí “todos tem suas próprias razões”.
Eita, entre idas e vindas. Uma coisa ou outra fora e lá vem o
olhar inquisidor. Ninguém observa a própria coisa fora. E se cada um observasse
sua coisa fora. Seria tanta coisa que não daria tempo nem de defecar.
Seguindo o bonde... última chamada para ser besta.
O bom de tudo foram os momentos em que mal se podia perguntar
ou conversar. Vinham as ienas protegerem suas carnes podres. Nossa, havia
momentos que quase disse:
- Querida, se quisesse, teria lutado antes da carne de
sofrido tanto com vossa figura erínica perto.
Deixa para lá... A vida é curta e respostas nem sempre são
necessárias. Vamos olhar o todo.
Então, no dia em que houve o estopim, graças, já havia
acabado todo o movimento.
Chega eu... O ambiente está lindo, mas você é a mosca
da sopa. Tudo fica triste, tenso e você fica na dúvida se a neurose parou em
você ou você realmente perdeu a catarata.
Em um momento, tento falar com a moça do homem que falou a
piada da latrina, creio eu, para não dar carona. E ela faz a velha tática de
guerra de fingir que estar falando ao celular para não falar comigo. Ahhh, como
seria bom a vida se ela visse como não dou a mínima se ela deseja falar comigo
ou não. Ela acha que sou a atribulada de festa que questiona o fato dela ser
controladora e deseja mandar na vida de todos. É muita estrela para pouco céu.
Eu já sabia que isto aconteceria. Mas quando se tem muita estrela e tem uma lua
besta, então todos focam energia na lua afirmando que desejam matar o dragão.
Como não lembrar. Até porque é só olhar nas fotos e vê as
ienas rindo por trás... O olhar da lente não mentiu. Ou estou vendo coisa? Será
que estou louca? A lente caiu? A catara limpou ou eu plantei imagens, orações e
sons na mente...
No fim, ficou a verdadeira sensação de que no futuro a frase
que se seguirá é:
“Filho daquela pessoa não é bom para você”... E o que
questiono é: “vale a pena continuar neste ciclo?”