sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

O OLHAR POR TRÁS DA CATARATA


O OLHAR POR TRÁS DA CATARATA



Tudo está vermelho e verde. Dá até vontade de colocar o pinheiro e as bolinhas douradas na sala, acreditando no espírito natalino. Na verdade, acredito mais ainda no amor emanado pelo menino Jesus.
Sentia-me bem e fazendo parte de algo.
“Ah, vieram me visitar, importaram-se comigo. Acredito, quem sabe, serei convidada para um jantar, farei um prato e poderei contar com um ambiente para meu filhos”.
A mente ingênua devaneia. Eu até esqueci que na última carona, ela ouviu:
- Você já ouviu os nomes de bandas de forró "boca de latrinaaaa"? "Pingo de genteeeee"? "Pelo de sufaco de cobraaaa"?
-Quase retruquei “este daria certinho para a pessoa do seu lado”.
Diante disto, dar carona regada à piadas de mal gosto, ficou a dúvida: será que tudo isto é indireta por algo que disse ou é para evitar que peça carona numa segunda vez? Precisa de tudo isto? Quando alguém pede o outro dá se quiser. Evita-se a fadiga...
Continuei acreditando no espírito natalino. Bacana o dindon dindon... Vamos lá... Ou alegria, o espírito natalino é tão belo. A gente começa a se sentir parte das famílias grandes e lindas da comunidade. Nossa, que alegria!!!
Agora, vamos analisar. Eu sou chata pra caramba. Só gosto de visita no fim de semana para não me atrapalhar nos estudos, como posso desejar que as pessoas que nunca gostaram de mim em uma dezena de anos, possam me aceitar do dia pra noite. Aceitar uma pessoa que não se gosta na família é bem mais complicado que receber uma visita em alguns segundo que vem ver se sua casa é melhor que a dela...
Segue o bonde... última chamada para ser besta.
Lá vamos nós... Tudo tão lindo. Em meio a tanta indiferença, há uma verdade. Há uma carona que não veio regada com piadinhas com minha altura... Como se eu desse a mínima para isto. Meu grilo é com a banha...
Logo na primeira apresentação, olha que legal. Até que consegui ficar calada e fingir que sou besta. Cara séria, sentar em uma cadeira levemente longe de modo até que algumas pessoas vieram sentar perto. Muito legal a postura de pessoa besta. Chama atenção de todos, só não entendo o porquê. Tudo foi tão perfeito que até me senti parte do negócio todo. Então, fui... Fui saindo com o velho ford k de guerra. Então, a moça mulher perfeita que viver perfeitamente riu do meu carro caindo aos pedaços. Ela riu, eu refleti. Não entendi. O carro não anda? E se eu estudo, do dia para a noite não posso passar em um concurso incrível e comprar um carro dez mil vezes superior. Eu juro que senti pena daquela falta de visão. Também pensei que por não ter falado com a mesma, pois quando ia falar, a mesma voltou-se para o celular. VOU DIZER UMA COISA, PENSE NO COMPANHEIRO PARA AJUDAR A DESPREZAR OS OUTROS... KK... Então, voltando a moça que riu do meu ford velho. Ela poderia ter rido por achar que estava com vergonha de andar em uma abóbora ambulante. Neste caso, a reflexão que fiz sobre ela, serviria para mim e aí “todos tem suas próprias razões”.
Eita, entre idas e vindas. Uma coisa ou outra fora e lá vem o olhar inquisidor. Ninguém observa a própria coisa fora. E se cada um observasse sua coisa fora. Seria tanta coisa que não daria tempo nem de defecar.
Seguindo o bonde... última chamada para ser besta.
O bom de tudo foram os momentos em que mal se podia perguntar ou conversar. Vinham as ienas protegerem suas carnes podres. Nossa, havia momentos que quase disse:
- Querida, se quisesse, teria lutado antes da carne de sofrido tanto com vossa figura erínica perto.
Deixa para lá... A vida é curta e respostas nem sempre são necessárias. Vamos olhar o todo.
Então, no dia em que houve o estopim, graças, já havia acabado todo o movimento.
Chega eu... O ambiente está lindo, mas você é a mosca da sopa. Tudo fica triste, tenso e você fica na dúvida se a neurose parou em você ou você realmente perdeu a catarata.
Em um momento, tento falar com a moça do homem que falou a piada da latrina, creio eu, para não dar carona. E ela faz a velha tática de guerra de fingir que estar falando ao celular para não falar comigo. Ahhh, como seria bom a vida se ela visse como não dou a mínima se ela deseja falar comigo ou não. Ela acha que sou a atribulada de festa que questiona o fato dela ser controladora e deseja mandar na vida de todos. É muita estrela para pouco céu. Eu já sabia que isto aconteceria. Mas quando se tem muita estrela e tem uma lua besta, então todos focam energia na lua afirmando que desejam matar o dragão.
Como não lembrar. Até porque é só olhar nas fotos e vê as ienas rindo por trás... O olhar da lente não mentiu. Ou estou vendo coisa? Será que estou louca? A lente caiu? A catara limpou ou eu plantei imagens, orações e sons na mente...
No fim, ficou a verdadeira sensação de que no futuro a frase que se seguirá é:
“Filho daquela pessoa não é bom para você”... E o que questiono é: “vale a pena continuar neste ciclo?”



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