PAÍS MAGNUS TAPADUS SUMUS
Havia um país chamado Magnus Tapadius, onde havia um
presidente chamado Extra-ordinário que
governava sua plebe chamada de Ordi-nários.
Em um passado não muito distante, o país Magnus Tapadius exalava um hálito
quente e inebriante. Havia cachoeiras de águas encantadas, frutas doces e
deliciosas, com cores que faziam qualquer vista ficar turva de prazer. O povo era
demasiadamente feliz em sua terra, porque tudo que plantavam florescia. Este
lugar tinha ainda como enfeite maravilhoso os vários passarinhos cantadores que
entoavam, todos os dias, uma sinfonia da natureza. O mais belo deles era o
Uirapuru que cantava livremente e alegrava a todos, por isso este país tinha
como nome, no princípio, Terra do Uirapuru,
pois este pássaro era o que mais imitava sublimemente o som belo da natureza e
expressava a alegria livre do povo.
Neste lugar, as pessoas estavam
tão preocupadas em aproveitar suas delícias que resolveram escolher um
governante para cuidar das coisas burocráticas, enquanto os mesmos aproveitavam
sua terra encanta. Um homem que amava dar ordens resolveu assumir a função de
governante desta terra e o mesmo renomeou o lugar de Magnus Tapadus, mas para governar
bem, construiu uma casa bem distante de todas as riquezas sedutoras e a chamou Covil Magnus. Logo que assumiu, o homem
começou a destruir estas riquezas naturais e o povo começou a migrar para perto
da casa Covil Magnus e lá começaram a
construir pequenos covis.
Depois de um tempo nesta nova
estrutura, a população estava começando a ficar revoltada devido a problemas no
pequeno guardador de dinheiro público, na pequena escola, na fábrica em que
trabalhavam e, por fim, no pequeno hospital público. Um homem viu sua filha ir
à escola, ser atingia por uma bala feroz direcionada por um perverso menino.
Ele tentou salvar sua filha. Quando chegou ao hospital, o médico que estava
atendendo informou que não tinha remédio, não tinha lugar para atender a
menina, nem sabia quando ia poder atender. A menina morreu na porta do hospital.
Durante o dia todo o sangue da pequena ficou esparramado na rua. Todos que
vinham ver aquele sangue ficaram revoltados com aquele ato covarde do menino delinquente
e pediram justiça. O sangue da menina, tal qual o de Abel, clamava por justiça.
Todos ouviram o clamor que os glóbulos vermelhos exalavam. Tanto que começaram
a ir às ruas, gritar palavras de ordem e não trabalharam, não venderam e não
compraram. Começaram a fazer canções para lembrar o canto do Uirapuru e
evocavam os velhos tempos em que viviam em sintonia com a natureza. Foram até o
Covil Magnus e pediram para o
governante Extra-ordinário os deixarem em paz e devolver suas riquezas.
Tudo parecia acabado para o
governante, mas o próprio resolveu armar uma cilada. Começou a pagar pessoas
mais fracas para dizer que os Jumentos Fabricantes
– categoria que até então não se sabia que existia – estavam reivindicando por
seus direitos em relação aos trabalhadores. A suposta comissão dos Jumentos Fabricantes
informou que iria contratar pessoas do país dos pigmeus, porque eram mais
leves, comiam menos e poderiam oferecer mais lucros. Imediatamente fizeram uma
assembleia e as pessoas pararam de ouvir o clamor do sangue da menina e se concentraram
nos Jumentos Fabricantes. Enquanto o povo fazia passeatas os Jumentos
Fabricante não respondiam e só relinchavam. Imediatamente, o governante
Extra-ordinário se ofereceu para ser um mediador entre a população de Magnus
Tapadus e os Jumentos Fabricantes. Logo o governante se tornou um herói, pois
conseguiu acalmar o animus exaltados da população.
O homem ficou chorando pela perda
de sua filha, mas quando suas lágrimas caíram no sangue que clamava exaustivamente
por justiça no chão, viu o que restava da filha se transformar em uma planta que tinha o formato
de uma orelha de jumento gigante. Sempre que o vento batia, saia um som de relincho
com uma frase cantada e, por meio desta, a filha reivindicava o desejo de
renomear a terra em que tinha morrido e, em sua morte, adquirindo sua nova
forma. O pai triste e desconsolado enlouqueceu e passou o resto dos dias
perambulando pelas ruas declamando o novo nome que a filha havia dado ao País: “Magnus Tapadus sumus”.
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