sexta-feira, 10 de abril de 2015

PAÍS MAGNUS TAPADUS SUMUS



                        PAÍS MAGNUS TAPADUS SUMUS




Havia um país chamado Magnus Tapadius, onde havia um presidente chamado Extra-ordinário que governava sua plebe chamada de Ordi-nários. Em um passado não muito distante, o país Magnus Tapadius exalava um hálito quente e inebriante. Havia cachoeiras de águas encantadas, frutas doces e deliciosas, com cores que faziam qualquer vista ficar turva de prazer. O povo era demasiadamente feliz em sua terra, porque tudo que plantavam florescia. Este lugar tinha ainda como enfeite maravilhoso os vários passarinhos cantadores que entoavam, todos os dias, uma sinfonia da natureza. O mais belo deles era o Uirapuru que cantava livremente e alegrava a todos, por isso este país tinha como nome, no princípio, Terra do Uirapuru, pois este pássaro era o que mais imitava sublimemente o som belo da natureza e expressava a alegria livre do povo. 

Neste lugar, as pessoas estavam tão preocupadas em aproveitar suas delícias que resolveram escolher um governante para cuidar das coisas burocráticas, enquanto os mesmos aproveitavam sua terra encanta. Um homem que amava dar ordens resolveu assumir a função de governante desta terra e o mesmo renomeou o lugar de Magnus Tapadus, mas para governar bem, construiu uma casa bem distante de todas as riquezas sedutoras e a chamou Covil Magnus. Logo que assumiu, o homem começou a destruir estas riquezas naturais e o povo começou a migrar para perto da casa Covil Magnus e lá começaram a construir pequenos covis. 

Depois de um tempo nesta nova estrutura, a população estava começando a ficar revoltada devido a problemas no pequeno guardador de dinheiro público, na pequena escola, na fábrica em que trabalhavam e, por fim, no pequeno hospital público. Um homem viu sua filha ir à escola, ser atingia por uma bala feroz direcionada por um perverso menino. Ele tentou salvar sua filha. Quando chegou ao hospital, o médico que estava atendendo informou que não tinha remédio, não tinha lugar para atender a menina, nem sabia quando ia poder atender. A menina morreu na porta do hospital. Durante o dia todo o sangue da pequena ficou esparramado na rua. Todos que vinham ver aquele sangue ficaram revoltados com aquele ato covarde do menino delinquente e pediram justiça. O sangue da menina, tal qual o de Abel, clamava por justiça. Todos ouviram o clamor que os glóbulos vermelhos exalavam. Tanto que começaram a ir às ruas, gritar palavras de ordem e não trabalharam, não venderam e não compraram. Começaram a fazer canções para lembrar o canto do Uirapuru e evocavam os velhos tempos em que viviam em sintonia com a natureza. Foram até o Covil Magnus e pediram para o governante Extra-ordinário os deixarem em paz e devolver suas riquezas.

Tudo parecia acabado para o governante, mas o próprio resolveu armar uma cilada. Começou a pagar pessoas mais fracas para dizer que os Jumentos Fabricantes – categoria que até então não se sabia que existia – estavam reivindicando por seus direitos em relação aos trabalhadores. A suposta comissão dos Jumentos Fabricantes informou que iria contratar pessoas do país dos pigmeus, porque eram mais leves, comiam menos e poderiam oferecer mais lucros. Imediatamente fizeram uma assembleia e as pessoas pararam de ouvir o clamor do sangue da menina e se concentraram nos Jumentos Fabricantes. Enquanto o povo fazia passeatas os Jumentos Fabricante não respondiam e só relinchavam. Imediatamente, o governante Extra-ordinário se ofereceu para ser um mediador entre a população de Magnus Tapadus e os Jumentos Fabricantes. Logo o governante se tornou um herói, pois conseguiu acalmar o animus exaltados da população. 

O homem ficou chorando pela perda de sua filha, mas quando suas lágrimas caíram no sangue que clamava exaustivamente por justiça no chão, viu o que restava da filha se transformar em uma planta que tinha o formato de uma orelha de jumento gigante. Sempre que o vento batia, saia um som de relincho com uma frase cantada e, por meio desta, a filha reivindicava o desejo de renomear a terra em que tinha morrido e, em sua morte, adquirindo sua nova forma. O pai triste e desconsolado enlouqueceu e passou o resto dos dias perambulando pelas ruas declamando o novo nome que a filha havia dado ao País: “Magnus Tapadus sumus”


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