NARRA-DOR CONTA SOBRE ALGUNS CASAIS
Personagens:
Mulher
Marido
Narra-dor
Narra-dor: - Olá! Eu sou o narra-dor. Aquele que vai vos contar a dor. Não é fácil o meu trabalho. Vivo a contar o que sentem os outros e de tanto contar já faz parte de mim tanta infâmia. Agora segue em meus traços, olhos, nariz, boca e vista o que de minha boca se espalha. E nesta feita, irei contar a história de um casal que mora em quase todos os confins das casas do mundo. Pode mudar as raças, as tribos e as nações, mas onde habita o egoísmo, estes personagens estarão. E a história começou:
Marido: - Você não faz nada que preste. Estás ficando gorda e descuidada. Não se arruma, não compra uma roupa que preste e ainda reclama de tudo.
Mulher: - Mas o dinheiro que você me dá, só comporta as despesas diárias e quando peço para você me dar dinheiro para ir ao cabeleireiro, você diz que é besteira. Esqueceu que não trabalho. Se não me der, não poderei fazer.
Marido: -Então vai procurar um emprego mulher.
Narra-dor: - Foi difícil a peleja, por passar muitos anos sem trabalhar e se atualizar, a Mulher foi dispensada em várias das entrevistas que fez. Mas por indicação de uma amiga, meses depois, a dispensável arrumou um emprego e entre uma hora e outra de folga, eis mais uma questão.
Marido: - Chego em casa e tá tudo bagunçado. No fim de semana esta mulher está arrepiada, não se arruma. Não falava do dinheiro, agora tem e não se cuida.
Mulher: - Mas eu preciso arrumar a casa e quando termino de fazer, já acabou o fim de semana.
Marido: - Estou cansada de você. Sempre de cara feia e com mau humor. Você não pode ser como àquelas meninas do Pânico não?! Elas riem até com paralelepípedos no dedão do pé. Já tu mulher desgraçada, vive reclamando de tudo e ainda por cima, agora, depois que trabalha, não arruma a casa.
Narra-dor: - Neste momento a mulher não responde e só chora. O marido sai e ela termina suas obrigações em pranto. Tenta dissimular com óculos e vai ao trabalho. Durante todo o tempo, seus pensamentos, ou melhor, os pensamentos malignos invadem sua mente. Tentando-a parar, destruindo seus traços de mulher virtuosa. Ela ouve várias mulheres dissimuladas dizendo o quanto seus maridos, amantes e namorados são atenciosos e elas não se dedicam. Ela pode perceber. Na sua mente só tem revolta e dor. É assim que seu ser volta para casa. Sem amor, sem vida, sem paz e sem vontade de continuar.
Mulher (monólogo): - Eu não sirvo para nada. Estou feia. Envelhecendo. Meu esposo não se importa com os meus problemas, nem percebe que já estou cansada da incompreensão e o descuidado. Já nem sei se o amo. Já nem sei se me amo. Ele disse tantas vezes que não sirvo para nada, que não sou nada, que acabei absorvendo e acredito que ele está certo. Eu não sou nada. Tal como Eco, que morria de amor por Narciso, acabei me definhando por causa do narcisismo de meu esposo. Ele só pensa nele e eu também, de tanto pensar nele, esqueci de mim. Quem sou eu?! Meus cabelos, meu rosto, minhas beleza? Estou cansada de tudo. Quando ele chegar, irei colocar tudo para fora. Chega! Chegaaaa!
Narra-dor: - Quando o marido dela chega, já não é ela que está, mas o capeta que tomou o lugar no coração dela.
Marido: - Mulher, cadê o almoço?
Mulher: - Está na mesa. Coloque, porque tenho que chegar cedo no trabalho hoje.
Marido: - Você não serve para nada mesmo. Arrumou outro homem lá foi. Quem é? Quem é o caçador de múmia? (O Marido fala rindo).
Mulher: - Chega. (quebrando alguns copos que estava lavando na pia). Estou cansada de ouvir que não sirvo para nada, que estou gorda, feia e desarrumada. Por que você não vai ao centro e compra uma roupa para que possa ser, ou melhor, estar bonita? Por que você não vai ao centro é compra um perfume para poder tirar este cheiro miserável de cebola e alho disgramado? Por que você não me ajuda a lavar uma louça, para que possamos almoçar juntos e conversar. Sabia que eu sou gente, eu como, bebo, durmo e faço o dois. (Mulher começa a chorar). Por que você não percebe que gastei minha juventude e agora estou a gastar minha maturidade contigo e ainda você tem a coragem de dizer que não sirvo para nada. O nada que servi a vida toda foi você. Você é o nada que consumiu a minha vida. Estou farta de seus desaforos e maus tratos mau-rido.
Marido: - Cala a boca mulher, senão vou quebrar seus dentes e arrancar seus cabelos de um por um. Até estes canhões que tu tem nas pernas arranco também.
Narra-dor: - Neste momento, o balão de pensamento da mulher era este:
Marido: - Só porque arrumou um emprego acha que pode falar assim comigo. Vou te ensinar a me respeitar. Vou pegar a primeira mulher que vir na minha frente e vou mostrar que posso arrumar uma melhor que você. Aliás, qualquer mulher é melhor que você.
Narra-dor: - Ambos ficam acabados com as palavras que saem como flechas direcionadas ao coração. Destruindo o amor e o carinho. O que deveria ser um almoço para se alegrar com as dádivas da vida, auxiliando no valor de cada um, unindo-os para refletir sobre problemas existentes no mundo, torna-se um combate em que os dois saem perdendo. Eles se amam, mas a mágoa, o ego que não permite pedir perdão e perdoar, a vontade de seguir o caminho mais fácil, que converge no mais solitário, é o que prevalece. E assim, seguem o resto do dia de trabalho, na maratona da vida:
Narra-dor: - E saem os dois cada um para seu lado. Falam para família, amigos, periquitos e papagaios tudo que se passara em casa. Os amigos dizem: "Arruma uma de vinte". Amigas dizem: "Você é independente, vai vier sua vida com seus filhos". Deus, por meio das palavras de seu filho Jesus Cristo ensina: "O meu mandamento é
este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei" (João:
15:12). Eles preferem ouvir quem? Estas são veredas que nosso coração encontra todos os dias. Qual caminho a seguir? O que a maioria das pessoas que você conhece seguiu ou seguiram? E de acordo com suas escolhas, quais foram as mais sucedidas? Estou cansado de narrar a dor, por isto, nesta história, que pode ser a sua, deixarei que você escolha qual o caminho a seguir. Todavia, gostaria de contar a história de uma mulher que escolheu o caminho que Jesus ensinou. O nome desta mulher é Mônica, a mãe de Agostinho de Hipona.
Em seu livro "As confissões", Agostinho de Hipona conta que sua mãe era uma distinta Cristã, que sofrera muitas aflições com o esposo Patrício, mas ao contrário de muitas mulheres, nunca contou ou reclamou suas dores a alguém terreno, mas as contou a Deus. Seu testemunho de resignação e amor tocou o coração de marido e filho, sendo até hoje um exemplo de testemunho vivo. Ela não foi Platão, Aristóteles, José Saramago, ou qualquer escritor que criou sistemas filosóficos como os primeiros, ou ficção, como o segundo. Esta mulher marcou a história com sua vida, seguindo o caminho de amor, cuidando de sua família. Como afirmara Agostinho: "Assim era minha mãe, seu íntimo Mestre, a ensinastes da escola do coração" (AGOSTINHO, 1987, p.160).
Depois destas história toda, quando pensar em brigar:
Em seu livro "As confissões", Agostinho de Hipona conta que sua mãe era uma distinta Cristã, que sofrera muitas aflições com o esposo Patrício, mas ao contrário de muitas mulheres, nunca contou ou reclamou suas dores a alguém terreno, mas as contou a Deus. Seu testemunho de resignação e amor tocou o coração de marido e filho, sendo até hoje um exemplo de testemunho vivo. Ela não foi Platão, Aristóteles, José Saramago, ou qualquer escritor que criou sistemas filosóficos como os primeiros, ou ficção, como o segundo. Esta mulher marcou a história com sua vida, seguindo o caminho de amor, cuidando de sua família. Como afirmara Agostinho: "Assim era minha mãe, seu íntimo Mestre, a ensinastes da escola do coração" (AGOSTINHO, 1987, p.160).
Depois destas história toda, quando pensar em brigar:
Ola, boa tarde Josiel Dias. Quero agradecer por ter lido o post e pelo comentário. Fico feliz que tenha gostado, apesar de que estou engatinhando e tentando produzir com o tempo escasso que tenho. Será um prazer acompanhar o seu blog, uma vez que compartilhamos a mesma fé.
ResponderExcluirAtt
Yolanda Silva